terça-feira, 2 de maio de 2017

Donnie Darko | Richard Kelly - Ela






Foto: por @tipocoelhos
Donnie Darko
Autor: Richard Kelly
Editora: Darkside
Edição: 2016/254p 


“O livro não é melhor que o filme, o livro é o filme”

E assim começa Donnie Darko.

Donnie Darko conta a história de Donnie – um jovem "excêntrico".
Donnie é sonâmbulo e em uma de suas andanças noturnas ele tem uma visão de um coelho sinistro que diz para ele que o mundo irá acabar em breve:




Donnie tenta entender essa mensagem estranha ao mesmo tempo que lida com aqueles conflitos de jovem: o desencaixe social, as paixões, as impaciências com a família, suas sessões de terapia e as coisas estranhas que andam acontecendo em sua escola.


A primeira parte do livro é uma entrevista com Richard Kelly. Sendo Donnie seu primeiro roteiro/filme ele sobre as dificuldades para conseguir verba para filmar, pra montar a equipe de atores, a falta de credibilidade que tinha no mercado de filmes e de onde veio sua idéia para o filme.
É bem interessante mas um pouquinho cansativo, mas você consegue passar por isso bem rápido, não é algo que desanime de continuar.

A segunda parte é o roteiro do filme, com descrição de local, clima e as falas separadas por personagens.
Quando você lê consegue visualizar perfeitamente o filme na sua cabeça. Diz que é um roteiro sem cortes, mas honestamente não senti diferença do filme, talvez as diferenças sejam bem sutis.
Lendo você consegue pegar detalhes que as vezes pode deixar passar quando está vendo o filme, consegue organizar melhor as idéias e começar a criar teorias.

A terceira parte do livro é talvez a mais interessante: é o livro da vovó morte, personagem que desperta uma tal curiosidade em Donnie (não posso dar spoiler) e desencadeia uma série de acontecimentos que definem o filme/livro.

Existe duas formas de você encarar essa terceira parte: é um material extra e legal ou é uma forma de tentar explicar o filme.
Se fosse a segunda opção seria terrível porque um livro/filme que precisa de explicação deixa de ser interessante, mas na verdade, essa terceira parte mais te traz perguntas do que respostas, e é fascinante.

No início do livro Jake Ggyllenhaal (que interpreta o Donnie no filme) fala que 
sempre que perguntam a ele sobre o que o filme se trata, ele sempre responde de volta: do que você acha que trata?

Isso porque não existe uma resposta certa.
O livro fala sobre viagem no tempo, buracos de minhocas e teorias da relatividade e todo mundo gosta de dizer ‘eu entendi, e é isso que significa’, mas se tratando de assuntos tão complexos e paradoxais como esses, não existe uma única resposta certa.

As probabilidades são infinitas. Por essa questão Donnie é considerado um filme/livro super cult em que as pessoas gostam de dizer que são boas demais porque entenderam tudo, quando na verdade, o mais interessante é a confusão mental que ele nos causa e admitir que não entendeu nada não é vergonha nenhuma, torna divertido e interessante ler, reler, assistir e reassistir até que você crie sua própria teoria maluca, que aliás, é o que não falta nas internets da vida, conteúdo que da pra passar dias e dias lendo sem chegar a conclusão nenhuma, mas que não deixa de ser divertido.

Jamais classificaria Donnie como terror como vi em alguns cantos, e sim como ficção científica com um pequeno toque mais dark.

Se você já assistiu o filme, recomendo que leia pois vai te esclarecer alguma dúvidas e levantar muitas outras.
Essa edição é impecável como todas da Darkside, capa dura, arte incrível, papel leve, ótima diagramação e ilustrações, com um marcador fofo em formato de avião.

Se você só leu, recomendo assistir o filme, que pra mim é uma obra prima.
A ambientação nos anos 90, a atuação dos atores – principalmente do Jake e – a melhor parte – a trilha sonora, fazem dele  o que eu chamo de trio perfeito: livro, filme e trilha sonora impecáveis.
Puro amor!

Você já leu/assistiu ? O que achou? Qual sua teoria sobre tudo?


Postado por: Livia Amaral

segunda-feira, 27 de março de 2017

Evangelho de sangue | Clive Barker - Ela




Foto: por @tipocoelhos
Evangelho de sangue
Autor: Clive Barker
Editora: Darkside
Edição: 2016/360p.


Fiquei bastante tempo pensando no que escrever sobre esse livro... tanto que já tem uns meses que li e até agora nada.

Evangelho de sangue é  uma sequência da aclamada noveleta de Clive Barker, Hellraiser.
Fiquei bem empolgada para ler esse livro porque quando terminei Hellraiser (que você pode ler resenha aqui), fiquei meeega empolgada com o universo do Cenobita;

Esse livro é o encontro de dois personagens icônicos de Clive Barker: O cenobita conhecido como Pinhead e o Detetive Harry D’Amour.

Harry D’Amour é um detetive paranormal. A gente conhece um pouco da história dele e de seus métodos de investigação, que conta com tatuagens sobrenaturais e uma amiga que vê espíritos, à lá Woopi Goldberg
Ele é um detetive de meia-idade que, na resolução de um caso, acaba se deparando com algo bem maior do que esperava: a configuração do lamento, a famosa caixinha que quando desvendada, acaba levando para um universo de dor/prazer além do que imagina nossa vã filosofia.
É dessa forma que Harry acaba cruzando com o Cenobita Pihead, que tem uma missão para Harry, que tenta fugir a qualquer custo.
Essa missão nos leva em uma odisséia até o inferno, com cenários grandiosos e bem curiosos.

Mas a verdade é que esse livro deixou MUITO a desejar.
Procurei ler muitas resenhas pra entender o que é que tava acontecendo, se o problema era eu ou tinha algo errado na obra e as opiniões estão beem divididas.

Eu não gostei.
O começo do livro é bem pesado e gore, com o cenobita fazendo um belo de um massacre atrás de informações. Até aí, acredito que o Barker estava sendo fiel ao gênero que se propôs e eu é que tenho estômago fraco. Vi muitos elogios sobre essa introdução e de fato ela cumpriu a missão que tinha: mostrar o quão sádico é o personagem. Ok, posso lidar com isso.
Ainda nesse ritmo impactante, temos a introdução do personagem de Harry de forma igualmente pesada e aqui, ao contrário da cena com o cenobita, não teve muito propósito...
Mas nós continuamos lendo, porque a gente que saber mais sobre o cenobita e o universo...
Esse desejo é apenas parcialmente atendido e então você começa a ficar ansioso: gente, cadê? O que ta acontecendo?

E então... parece que tudo vai por água abaixo.
A narrativa é bem mal estruturada, com cenas desconexas e personagens rasos, previsíveis e beirando até o irritante, com diálogos ridículos em momentos completamente inoportunos.
O cenário consegue salvar um pouco o livro, é imponente, e interessante assim como a  estrutura do inferno e seus habitantes, mas ainda assim...
Você não cria empatia alguma com os personagens, não compra a idéia que o autor está tentando vender e acaba tremendamente decepcionado.



Não posso negar que mais uma vez a Dakside fez um trabalho maravilhoso com essa edição, mas a história de Clive Barker foi uma grandíssima decepção.
Se você for ler... esteja preparado!
Postado por: Livia Amaral

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Vozes de Tchernóbil | Svetlana Aleksiévitch - Ele




Foto: por @tipocoelhos
Vozes de Tchérnobil
Autor: Svetlana Aleksiévitch
Editora: Companhia das Letras
Edição: 2016/384p.



Depois de vaaaarios textos sobre livros lidos pela Livia e nenhuuuum texto meu ... cá estou novamente. 
Ano novo, vida nova, tentarei participar mais desse lindo blog, tentarei ler mais, escrever mais, vou tentar gente, vou tentar ... 

E o livro pra marcar essa minha volta é o Vozes de Tchernóbil da Svletana Aleksiévitch.

Dificil escrever sobre esse livro...

Bom, o livro fala sobre o acidente nuclear de Chernobyl onde uma explosão e um incêndio destruiram um dos reatores desta usina nuclear e com isso foi espalhado particulas radioativas pelas cidades ao redor da usina, radioatividade essa que no decorrer dos anos matou milhares de pessoas.

Não há sequer um número exato de mortes, muitas pessoas até hoje sofrem com doenças que são consequencias diretas desse acidente. 
Há muito material informativo sobre esse desastre, acredito que documentarios, livros, reportagens e etc. 

Mas, esqueçam essa parte "informativa", esqueçam números e estatisticas, esse é um livro sobre pessoas, é um livro extremamente humano e intimo. 
Ele é escrito a partir de testemunhos, entrevistas que a autora fez com pessoas que passaram por essa tragédia.

Da até pra imaginar a autora sentada anotando tudo que está sendo dito por cada pessoa, há trechos onde as pessoas questionam por que a autora esta escrevendo esse livro, como quem diz "é nossa vida, nosso sofrimento, não mero material pra um livro", outras pessoas dizem para ela continuar escrevendo, como quem diz "essa talvez seja a forma de dizer a verdade, deixar a verdade gravada de alguma forma, a verdade que na epoca ninguem quis ouvir"

O livro mostra como o governo foi negligente com todo o ocorrido, como dias após o acidente o então líder da União Soviética Mikhail Gorbachev apareceu na TV para dizer como o acidente foi só um incendio comum, para dizer como o perigo havia passado e tudo estava bem, como não havia motivo pra panico.

O livro fala de bombeiros que foram conter o incendio no dia do acidente, sem nenhuma proteçao ou roupa especial, e que sobreviveram só por mais 14 dias depois do ocorrido devido a exposição a radiação, e como suas esposas ficaram ao seu lado até o fim, mostrando o quão destruidor é o poder da radioatividade e quão grandioso é o amor dessas esposas. 

Há claramente uma comparação com a Guerra, e como de certo modo as pessoas estavam preparadas pra guerra, mas nao pra um desastre desses. 
Em varios trechos as pessoas citam como ouviam que deveriam ir embora das cidades, que havia radioatividade lá, que havia risco de morte se ficassem lá, e como essas pessoas olhavam pra fora e não viam avioes passando no céu, não viam pessoas armadas nas ruas, não viam tanques de guerra, e sendo assim por que deveriam se preocupar e fugir, como quem se pergunta "o que é essa tal radiotividade?"

Há o testemunho de crianças que falam sobre a radioatividade como se fosse uma vilã de desenho da Disney, e que falam sobre a morte de um jeito que criança nenhuma deveria falar. 

É claro que é um livro triste, mas a autora dá voz a essas pessoas que até então não tinham sido ouvidas.

Me pegava lendo ele, e apesar dos nomes das pessoas serem complicadissimos por serem Russos/Ucranianos/Bielorussos eu fazia questao de ler cada nome pensando como cada nome ali é uma pessoa, como ela esta contando essa historia e o minimo que eu devo fazer é saber o nome dela.

Todos devem ler esse livro, todos devem ouvir essas vozes, por mais triste que seja o que essas vozes tem a dizer. 


Postado por: André Santos

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Amityville | Jay Anson - Ela





Foto: por @tipocoelhos
Amityville
Autor: Jay Anson
Editora: Darkside
Edição: 2016/240p.



Uau!
Fazia tempo que eu não pegava pra ler um livro de uma tacada só, e foi o que aconteceu nesse domingo lendo "Amityville" de tão empolgada que fiquei.
Eu sempre gostei muito de terror e, como ja citei quando fiz a resenha do Demonologista, que pode ser lida aqui , depois de véia fui ficando medrosa. Quando ganhei esse livro do André fiquei com receio de ficar muito impressionada mas resolvi ler mesmo assim.

O livro me ganhou de cara. Logo a princípio tem um prefácio escrito por um reverendo falando sobgre os tipos de análises que podem ser feitas quando se depara com histórias desse tipo: científica, religiosa ou imparcial, mas que independente do que você achar "O sábio sabe que ele não sabe e - o prudente respeita o que ele não controla". Show.

Daí começamos com o livro que é basicamente um documentário romanceado do que aconteceu com a família Lutz, que morou na casa de Amityville por 28 dias - quando saiu às pressas, deixando todos seus pertences para traz, para nunca mais voltar.

Fato real - em 1974 A casa de Amityville foi palco de um acontecimento macabro: o filho mais velho, Ronald DeFeo, em uma noite de tempestade, matou toda a família - mãe, pai, 2 irmãos e 2 irmãs a tiros de alto calibre e de forma metódica. Ele disse que vozes disseram para ele fazer aquilo. Depois de descartada a possibilidade de ser louco, foi condenado a 6 prisões perpétuas.

Caerca de um ano depois a família Lutz se mudou para o local, indiferente às superstições que rolava sobre a casa e sobre o assassinato, apenas felizes por ter uma bela casa por um ótimo preço.

O livro narra o que acontece na casa durante os próximos 28 dias. Não vou dar spoiler mas acho que fica claro que são coisas assustadoras,  bem assustadoras.

O que eu gostei muito no livro é que ele me deixou bem tensa e ansiosa do começo ao fim, tanto que queria acabar logo ele para ver como a história ia acabar, mas em momento algum fiquei com aquele medo perturbador, então foi um terror "saudável" de se ler, embora as coisas que aconteçam sejam incômodas por não terem explicações definidas (o surreal nunca tem). O desconhecido é sempre o que nos deixa com mais medo.

Embora o livro seja a transcrição do que os moradores da casa relataram, fielmente, o que eu gostei muito no livro e o epílogo feito pelo escritor do livro deixa bem claro é que em momento algum eles tentam te convencer que o que aconteceu com a família seja uma verdade absoluta.
Ele te conta a história, explica alguns fatos e deixa você a vontade para tirar suas próprias conclusões se aquilo aconteceu mesmo ou se foi alucinação dos moradores da casa, que por diversas vezes chegaram a questionar a própria sanidade.

Pra quem é fã de assuntos paranormais, no fim fala brevemente sobre uma visita do casal Warren feita à casa e a impressão que tiveram. 

Se alguém aqui ja assistiu ao filme de nome "Horror em Amityville", a história é bem parecida mas vale a pena ler pq o desfecho é um pouco diferente e, como sempre, o livro é bem melhor que o filme, mas não estragou o filme pra mim não, que ainda é um dos meus favoritos de terror.

Eu ja gostava da história por causa do filme e por causa das questões que ficaram no ar sobre o assassinato original e que ja tinha pesquisado antes (pra não dormir direito depois, sim) e que não vou contar aqui pra não ficar um post muito macabro e, gostei ainda mais do livro!

Sobre a edição: Dark Side ataca novamente. A qualidade dos livros que fazem é sempre a mesma, nunca falha: livro capa dura, com marcador de página de fitinha. As cores da capa bem macabras, conforme acima e as folhas de material leve, o que facilita bastate carregar ele pra cima e pra baixo.

Recomendo suuuper a leitura.
Pra quem não é medroso e é mega fã do gênero, talvez seja fraco, mas ainda assim recomendo.
Pra quem é medroso...Ah migo, vai ler uma coisa mais legal e leve, tipo a série dos robôs do Asimov, que eu fiz resenha aqui. Sério.
Mas se vc é medroso e muito curioso que nem eu... leia leia leia!!

Nota 4 de 5.

E se vc ja leu, me conte o que achou!

Postado por: Livia Amaral

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

O orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares | Ramson Riggs - Ela




Foto: tirada da internet
O orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares
Autor: Ramson Riggs
Editora: Leya
Edição: 2015/336p.


Olássss!
Vou confessar que eu quis ler esse livro por uma coisa bem idiota: a capa me chamou a atenção.
Hahahaha
Eu ja tinha ouvido falar por cima sobre ele e não me interessei porque achei que era algo próximo de apresentações esquisitas dessas de circo, e eu nem gosto disso. Mas depois, me peguei olhando para a capa do livro, li a orelha e pensei "hm, quero ler isso".

Depois disso, minha irmã caçula de 14 anos leu e falou que morreu de medo, o que me deixou morrendo de vontade de ler. O livro não é nada assustador. Quer dizer, talvez pra minha caçula, mas ela é medrosa pra caramba então não podemos levar em consideração. Daí...vi que o Tim Burton ia fazer o filme, eu meio que ja fui muito fã dele e aí resolvi ler de vez. Sim, minha curiosidade foia atiçada pelos canais mais pop's, mas, ler é ler.

O livro me pegou MUITO  de surpresa. Eu leio bastante livro infanto juvenil e não tenho vergonha (ta, talvez um pouco) de admitir isso. Se vc dispensar os clássicos triânlguos amorosos, sai umas coisas interessantes! Eu esperava alguma coisa beeem juvenil e futil e me deparei com uma história bem peculiar, mesmo. rs

O livro conta a história de Jacob que, depois de uma tragédia familiar, vai para uma ilha remota la no País de Gales atrás de respostas com uma tal de Srta. Peregrine, cuidadora de um orfanato de crianças peculiares. Acaba se descobrindo que peculiar não é um só uma expressão a toa - as crianças realmente tem certos...poderes.
Ao passo que Jacob descobre um pouco mais sobre o orfanato e sobre a história de sua própria família, um perigo parece se aproximar, ameaçando ele e as crianças que acabou de conhecer.

O livro é bem completinho: você tem monstros, um pouco de romance, aquela aventura e descobertas.
Ele é narrado em primeira pessoa pelo Jacob e é bem divertido ir desvendando os mistérios junto com ele.
A ambientação é legal e mexe um pouco com viagem no tempo, e nessa parte tem um pequeno defeito - fica um pouco confuso. É mesmo difícil falar sobre viagens temporais sem se perder ou ser técnico demais e acho que o escritor se atrapalhou um pouco aí, mas nada que estrague a história.

Uma coisa que achei bem legal é que tem várias fotos antigas no meio do livro, pra complementar a história que é contada, e isso acaba dando, de forma divertida,  um ar bem verídico pro livro.

A história encerra bem um ciclo mas deixa o final aberto pra sequência - que ja to com vontade de ler.

Depois de ler fui finalmente ver o filme. Achei bem divertido embora tenham mudado algumas coisas BEM desnecessárias em relação ao livro, mas paciência. Ainda assim gostei. O filme terminou de forma diferente e talvez eu tenha tomado um spoiler do segundo livro. Mas bem, se for mesmo, ja tomei spoiler pior, então vambora.

O livor não é nada "AH MINHA NOSSA, QUE LIVRO MARAVILHOSO, MUDOU MINHA VIDA" mas gostei genuinamente e com certeza vou ler as continuações.

Recomendo a leitura se vc gosta de leituras infanto juvenis, se não exige temas super complexos e sérios, enfim, se vc gosta de uma leitura só pra curtir.

Nota 3,5 de 5.
Postado por: Livia Amaral.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O morro dos ventos uivantes | Emily Brontë - Ela




Foto: por @tipocoelhos
O morro dos ventos uivantes

Autor: Emily Brontë
Editora: Círculo do livro

Edição: 1994/311p.




Antes de ler essa resenha eu recomendo que você vá lá no youtube e digite: Wuthering Heights - Kate Bush. A não ser que você tenha mais de 40 anos e/ou ja tenha visto esse clipe antes, não recomendo que veja agora pra não cair na gargalhada e quebrar o clima. (É bem esquisitinho).
Ouça a música pra entrar no clima e...
Vai!


O morro dos ventos uivantes é considerado um clássico da literatura inglesa. Não pra menos. Ele foi escrito por Emily Brontë, na época em que mulheres não deviam fazer muita coisa além de serem boas e passivas donzelas..
Eu falo um pouco sobre as irmãs Brontë no post que fiz sobre o Jane Eyre e pode ser lido aqui.
O morro dos ventos uivantes é o único romance escrito por Emily e o que mais fez sucesso entre as obras das 3 irmãs.

Quando eu tinha 17 anos peguei esse livro aleatoriamente na biblioteca do colégio para ler. Eu estava em uma fase apaixonada da vida e esse história me arrebatou. Fiquei tão impressionada que fui atrás do filme e que espanto foi quando percebi que o final era bem diferente do livro... a coisa engraçada: eu tinha pego na biblioteca uma edição de 1945 feita pelo Círculo do livro e...dividido em duas partes! Eu só tinha lido a primeira hahahahah
Bem quase 10 anos depois eu finalmente resolvi ler (depois de muita tiração de sarro do Sr. André pelo minha pequena confusão)

O livro conta a história de Catherine, Heathcliff e seu amor avassalador.

Heathcliff chega em Wuthering Heights quando jovem, trazido pelo Sr. Earnshaw, que o encontrou órfão e faminto em uma de suas muitas viagens pelo país.
Com apenas 7 anos, de pele mais escura e cara de cigano, não tardou para os filhos de Earnshaw, Hindley e Catherine o rejeitarem, mas a implicância de Catherine não durou muito, logo se transformando em uma extrema e recíproca afeição. 
Pouco tempo depois, com a morte do pai e o fato dos dois não se desgrudarem, a raiva e o desprezo de Hindley por Heathcliff se tornaram ainda maior e sendo agora herdeiro e senhor de Wuthering Heights, ele faz o que pode para manter Heathcliff um ignorante e desprivilegiado. Bem... lendo esse livro a gente vai perceber que Karma é uma coisa forte!

Catherine e Heathcliff tem o espírito rebelde e intenso e não se desgrudam, não importa o que Hindley faça. É uma cumplicidade única. Entretanto tudo muda quando eles conhecem os Linton. São dois irmãos de alta classe e alta educação, tudo que Hindley deseja para sua irmã, e o total oposto de Heathcliff, que se sente inferior com a aparição desses novos personagens.
Linton é inteligente, de tez clara, polido e bem educado enquanto Heathcliff é seu total oposto, desde a aparência até os modos que são brutos e ignorantes.

É interessante a quantidade de complicações que o ser humano é capaz de atrair para si por causa de orgulho, raiva e obsessões.

A primeira vez que li a primeira parte do livro achei bonito e arrebatador.
Mas lendo agora outra vez, percebo que a relação dos dois, mais do que de amor é de obsessão, uma necessidade intensa que leva as pessoas à loucura e, gente... isso não é legal ou saudável e definitivamente, não é bonito.
É claro que a história é mega interessante, e eu adorei o livro, mas essa visão obsessiva e doentia do amor só cabe pra o século em que foi escrita, hoje você percebe que é loucura.
Além disso tem hora que o gênio de Catarina e Heathcliff beira o irritante. Ela completamente mimada e ele um grosso de primeira. Eu na verdade fico com bastante pena dos personagens ao mesmo tempo que serve de um bom alerta pra gente abrir mão das vaidades e orgulhos pra ser feliz.

É válido ler?  É claro! O livro é um bom romance, embora como eu disse, doentio. 
Eu gostei? Sim! Bastante....
Mas...Jane Eyre é muito melhor <3
De toda forma é inevitável não pensar nesse livro com muito carinho, tanto pela época que me lembra quanto pela mania de gostar desses amores impossíveis que a gente tem às vezes...

Eu brinquei no começo da resenha sobre a música da Kate Bush mas eu AMO essa música e ela consegue tocar a gente de um jeito muito louco. Enquanto eu lia o livro (e escrevia a resenha também) devo ter ouvindo, sem brincadeira, pelo menos umas 50 vezes.
Ah as coisas que a música faz com a gente...


Nota: 4 de 5.

Postado por: Livia


Crônicas vampirescas #2 - O vampiro Lestat | Anne Rice - Ela




Foto: por @tipocoelhos
O vampiro Lestat

Autor: Anne Rice
Editora: Marco Zero
Edição: 19889/423p.



Final do ano passado eu ganhei de aniversário alguns livros das crônicas vampirescas.
Depois de ler Entrevista com o vampiro no começo do ano (cuja resenha você pode ler clicando aqui) descobri que antes da Rainha dos Condenados, que era o próximo livro que eu tinha, vinha "O vampiro Lestat", livro este que não veio nos meus presentes e estava totalmente esgotado nas livrarias, argh.

Achei essa ediçãozinha bonitinha por apenas OITO reais no estante virtual, OITO reais gente... é muito barato, paguei 8 no livro e 8 no frete, e chegou muito rápido. Ela é beeem velha mas veiio com capa dura e aquele cheirinho gostoso de livro velho que a gente tanto ama.
Recomendo!  

Enquanto "Entrevista com o Vampiro" conta a história de Louie, "O vampiro Lestat' conta a história de...ta, é óbvio, ok, do Lestat! rsrs
Acho interessante como ponto de vista é tudo nessa vida. Eu sempre digo isso qdo as pessoas vem com o papo certo de que Capitu traiu Bentinho,quando o livro na verdade é escrito do ponto de vista dele....mas isso fica pra uma futura resenha do Dom Casmurro.

O que quero dizer com isso é: em "Entrevista com Vampiro" nós temos um Lestat muito instável, egoísta, sádico, possessivo, mas "Entrevista" foi escrito do ponto de vista de Louie, que é um personagem bem sensível.

No "O vampiro Lestat", vendo as coisas pelo ponto de vista de Lestat, vc vê que o buraco é mais embaixo...

O livro começa exatamente de onde parou o "Entrevista com o vampiro", com Lestat acordando de um longo sono e descobrindo sua vida exposta em um livro.
Se sentindo ultrajado, la vai ele escrever um livro contando sua versão da história
O livro conta a história de como Lestat se transformou, lááá na França, no século XVIII (eu acho, não lembro).
Eu acho a história de Lestat meeeega interessante, na verdade, esse é pra mim um livro bem mais interessante que o "Entrevista".

Ele mostra Lestat sendo transformado, mostra o encontro dele com um fascinante e poderoso vampiro ancião chamado Marius,que também conta sua história.
Nessa narrativa de Marius nós temos um acesso maior à mitologia vampiresca. Nós descobrimos um pouco mais sobre a suposta origem dos vampiros, sobre os reis vampiros, "Akasha e Enkil". Sabemos também mais sobre a relação de Lestat e Armand, que aparece como um ser bem misterioso la em "Entrevista".

Lendo "O vampiro Lestat" nós temos uma visão completamente diferente do Lestat descrito por Louie.
Ele é jovem, determinado, ousado e desbravador, mas beirando a arrogância constantemente.
Lestat nasceu pra brilhar, e é isso que ele vai fazer. É quando ele decide se expor para o mundo todo como vampiro e se tornar um astro de rock n roll.
É bem bizarro mas ao mesmo tempo engraçado, da pra encarar sem ser uma coisa completamente idiota porque você vai vendo a reação dos demais vampiros diante dessa exposição, que vai ser totalmente concluída em um único show em São Francisco, onde Lestat irá por fim demonstrar seus poderes. É interessante que isso rende bastante encrenca pq, imagina você vivendo pelo menos uns 100 anos na maior discrição e alguém decide expor todos seus segredos, suas forças, fraquezas...é...

O fim desse livro se mistura um pouco com "A rainha dos condenados". Se você ja assistiu esse filme vai ver que o começo dele é na verdade o fim do Vampiro Lestat.

Esse é um livro bem legal, eu gostei bastante, bem mais do que "Entrevista com o vampiro", mas ele tem muito forte a questão do romance gótico, que é o proposto pela Anne Rice, então tem momentos de grande e profundo sofrer e reflexões.Não é de todo um mal, mas chega um momento que da uma cansada, então se seu nível de tolerância para dramas e grandes firulas é baixo, recomendo muuuita paciência ao ler esse livro, mas recomendo que leia mesmo assim, vale muito a pena. 

Dou uma nota 3,5 de 5.

É a mesma nota de Entrevista com o Vampiro, oq não faz muito sentido ja que eu gostei mais desse do que dele, mas pra ser um 4 acho que tinha que me deixar mais surpresa, e não deixou. Mas não deixa de ser bom!

Te vejo no próximo livro das crônicas...
:*

Postado por: Livia