terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Robôs da alvorada - A série dos robôs | Isaac Asimov - Ela





Foto: por @tipocoelhosA série dos robôs: Os robôs da alvorada
Autor: Isaac Asimov
Editora: Aleph
Edição: 2015/544p.


Acabei de ler "Os robôs da Alvorada" e estou com aquela perplexidade pós livro.
Conheci Asimov em 2012, de um jeito que os fãs mais...clássicos, assim por dizer, desdenhariam: por conta do filme homônimo com a obra "Eu, robô".
Sim, eu adooorava o filme (ainda gosto!), é bem do jeitinho que eu gosto, com porrada, explosões e futurista.
Eu entendo depois de ler o livro, porque a galera detesta: não tem absolutamente NADA a ver com ele, só leva o nome e as três leis da robótica, porque de resto, é totalmente contra os princípios do Asimov que é a "demonização" assim por dizer, dos robôs. 
É mais do que natural do instinto humano achar que a qualquer momento os robôs podem se virar contra a gente, tal como o monstro de Frankstein e o próprio filme, mas nada, absolutamente nada nas obras que conheço de Asimov chegam perto ou permitem essa possibilidade.

Eu, robô é um livro de nove contos que nos permite conhecer um pouco dos robôs e do funcionamento das leis da robótica. Nunca fui muito fã de contos mas estes me ganharam, me levando pra próxima leitura, que foi Fundação. A mais aclamada e talvez mais conhecida obra dele. Honestamente...não é a minha favorita, não acho que entrei no espírito da coisa e vou tentar ler novamente esse ano, pra conseguir matar a trilogia (ou sextologia?).
E então...li o "o Fim da Eternidade". Um dia faço um post exclusivo sobre este livro, mas ele se tornou o meu favorito do autor e um dos meus favoritos da vida toda. É um livro fantástico, fora de série!

E finalmente chego na série da resenha, que é a série dos robôs: Caverna de aço, O sol desvelado e enfim, Robôs da alvorada.
Não é necessário ter lido nada do Asimov antes ou ter conhecimento mais do que simples das leis da robótica (que tem atrás da capa de todos os livros)

Comprei cavernas de aço despretensiosamente esperando por um pouco mais das sensações que tive com "O fim da eternidade" e me supreendi. Aborda ooouutro tema, mas é igualmente excelente.

Cavernas de aço fala sobre Elijah Baley, um detetive terráque e seu parceiro inusitado, o robô R. Daneel Olivaw.

A história se passa em um futuro tecnológico (?) em que a terra está super populosa e os humanos não habitam mais a superfície e sim vivem embaixo da terra, em "colméias" de aço e reclusos, ao passo que o universo está em expansão, com vários planetas habitados, com culturas e populações diferentes.
A relação da terra com suas ex-colônias, os Mundos Siderais, é crítica, visto que os Siderais não aceitam mais terrestres em seus planetas, cheios de preconceitos. Para piorar, os robôs estão "roubando" os trabalhos dos humanos, que mal tem condições de sobreviver. E nessa panela de pressão acontece uma situação crítica: um Sideral é assassinado na terra.
O investigador Elijah Baley é chamado para resolver o caso e enquanto tem de lidar com a responsabilidade de descobrir quem está por trás do assassinato do Sideral, tem que aprender a lidar com seus próprios preconceitos, visto que os Siderais mandaram nada mais que um robô, o R. Daneel Olivaw, para ajudá-lo neste caso.

A relação dos dois é simplesmente fantástica. Ao passo que tem aquela coisa gostosa de detetive (eu sou mega fã de livros policiais) tem todo um universo, com leis e culturas diferentes, os robôs com suas lógicas e aquela coisa humana de lidar com os preconceitos: os que as pessoas tem para com você e os que você tem. Os diálogos são gostosos e é um livro muito fácil, tanto que este primeiro eu li em um dia, devorando absurdamente.
Para minha sorte, tão logo eu acabei, ja tinha na mão o segundo para ler:

O sol desvelado.
Este conta de novo com a parceria Elijah/Daneel mas desta vez não se passa na terra e sim em um dos mundos siderais, Solaria, onde eles tem de desvendar o mistério do assassinato de um homem em que dos suspeitos um é um robô (logo, impossível) e o outro é uma pessoa que não estava (?) na cena do crime.
Mais uma vez: a escrita de Asimov é fantástica. Ela te ganha, não é difícil de compreender com termos absurdos de robótica e vai sutilmente te ensinando tudo o que precisa ensinar, afinal de contas, para o protagonista terráqueo tudo também é novo e a história e total do ponto de vista dele.
Acabei este também em um dia e desesperada para ler a sequência, que ia demorar pra sair.

E assim que "Os robôs da alvorada saiu" eu o comprei....e deixei encostado por 6 meses. É uma loucura, eu sei. Eu estava no momento em outro clima, completamente envolvida com Game Of Thrones, e não queria não estar no clima certo para ler Asimov, que merece toda dedicação e coração, e fiz certo.
Peguei ele agora, com a cabeça fresquinha e só pra variar, não desapontou em nada.
Novamente temos Elijah e Daneel, desta vez eles vão desvendar um crime em outro planeta Sideral, Aurora e a vítima é diferente das vezes anteriores: um robô. Eles precisam descobrir quem foi o real "assassino" evitando assim que o grande roboticista que criou os robôs humaniformes (com carinha de humano , diferente daquelas latas brilhantes que conhecemos) seja injustamente acusado.
Este livro é um pouco maior que os dois anteriores e não deu pra ler em um dia rsrsrs maaaas, mantém a mesma tensão que os anteriores.
Cada vez que pegava para ler não queria parar e quase perdi minha estação algumas vezes... me peguei rindo sozinha pois os diálogos e as reações de Elijah são muito boas e depois das outras leituras, você ja está afeiçoado a ele e a Daneel. Neste livro achei que o Daneel ficou um pouco mais apagado em relação aos anteriors, e senti um pouco de falta da relação interessante dos dois, mas a relação dele para com os Siderais e o quanto Elijah mudou sua mente do primeiro para este livro é impressionante. 
Ouso dizer que ja estou com saudades dele. É muito triste quando você termina uma série, sempre acha que o escritor podia ter escrito mais uns 20 livros desses e ainda ia ser pouco.

É divertido, leve, intrigante. Se você gosta de uma boa história de detetive e de robôs, não vai se decepcionar de forma alguma com a série. É uma delicia seguir a lógica e o raciocínio tanto do Elijah quanto dos robôs e é difícil não se afeiçoar a ambos.
É a combinação perfeira de ficção científica com literatura policial como nunca vi igual.
A nota é 5 de 5 favoritadíssimo e só posso dizer: leia leia leia e não vai se arrepender.

ps* Quero MUITO viver pra ter um robô! será que rola? rsrsrs 

Postado por: Livia

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Vi e Ouví por aí... | Damien Rice - Ela



O principal objetivo do nosso blog é falar de livros, séries e documentários, mas paixão é paixão não é?
Sempre achei que música boa não é aquela que pode ser classificada/rotulada e colocada ali no cantinho. É aquela que te faz sentir alguma coisa, de verdade.
Damien Rice tem um dom que até hoje eu só senti lendo livros: o de fazer você "sofrer" e sentir por algo que nem faz parte da sua vida. Quem nunca sofreu ou se apaixonou por um personagem que nem está ali?
Costumo brincar com minha irmã Lili (q tbm é fã dele) que pra ouvir Damien Rice tem que ter uma faquinha de rocambole do lado pq chega a ser triste de um jeito louco, mas acho q um toque suave de melancolia faz bem.
Damien te faz sentir saudades, se apaixonar, sofrer por amor ou pela ausência de algo que "nem sei o que"
Então, você que está lendo um romance, que está apaixonada/o, que está brigada/o com seu personagem pq ele acabou de fazer uma bobagem absurda mesmo sabendo que não devia, que precisa de um minutinho pra respirar porque este capítulo que acabou de ler foi demais pra sua cabeça... Corre ali no YouTube e ouve um pouquinho:

A música da imagem e que estou ouvindo infinitamente no momento:
-Volcano
A que vocês talvez conheçam pois tem uma versão brasileira mas a original é mais linda:
-Blowers Daughter
A que vai te fazer chorar pq ele/ela escolheu outro e não você:
-Cheers Darling
Pra chorar no trem indo/vindo de qualquer lugar:
-Delicate
Uma tacinha de vinho:
- Grey Room
Mas o que? Chega disso!
-It takes a lot to know a man
Pra enxugar o rosto pq não dá pra vier chorando né?
-Be my husband (essa acho Q só tem ao vivo)
E você, o que ouve que te faz sentir?
Ou o que do Damien que eu não citei que é incrível?
Mande musiquinhas no comentário, adoro boas indicações!


Postado por: Livia  ;)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Stoner | John Willians - Ele




Foto: por @tipocoelhos
Stoner

Autor: John Williams
Editora: Radio Londres
Edição: 2015/320p.

Stoner, da editora Rádio Londres, editora esta que eu nunca tinha ouvido falar mas que fez essa belíssima edição capa dura, com uma belíiíssima foto, e aquela folha gostosa de se ler ... ai ai, me lembrou aqueles livros capa dura do circulo do livro...

Bem, o livro conta a história de Willian Stoner, essa história começa em 1910 quando ele tinha seus 19 anos e se estende até o ano de 1956, onde com seus 65 anos, ele morre.

Já na primeira página é isso que você vai ver, todo o resumo da vida de Willian Stoner. O escritor passa todo o resto do livro contando essa história de vida da forma mais linear e simples possível, e com uma escrita deliciosa, com aquele estilo gostoso de contador de história mesmo, sabe?

Stoner tinha uma vida muito simples, vivia em um ambiente rural e desde bem novo ja tinha suas obrigações como: ordenhar as vacas, alimentar os porcos, etc. até que um dia seu pai o informa sobre a possibilidade de ele ir para faculdade de Columbia estudar Ciências Agrarias.

Com aquele tipo de conversa entre pai e filho que pouquíssimo se fala, e com obediência e submissão a seus pais, ele apenas aceita ir, não se pode dizer que ele queria ir, nem que não queria, ele apenas aceita e vai. 

E é esse tipo de atitude, ou falta dela, que veremos em Stoner, e falando assim até parece ser chato, mas o grande trunfo do livro não é a história que é contada, e sim como é contada, como a maioria dos bons livros, né? 

Não vou entrar em detalhes sobre o que acontecerá na vida de Stoner, mas o que o escritor John Willians consegue é criar um personagem extremamente carismático.

De certa forma me lembra muito aqueles filmes de comédia, tipo dos Irmãos Coen, que torcemos demais pelo personagem, mesmo que saibamos que as coisas muito provavelmente darão errado pra ele.

E em mais ou menos 300 paginas iremos conhecer esse personagem, torcer por ele, vê-lo se casar, vê-lo se formar, ter filhos, se desapontar, ser extremamente feliz, e extremamente infeliz.

Até nas partes mais tristes eu senti que o escritor teve um jeito leve de contá-las, ele contava algo extremamente ruim, e passava por isso de maneira simples, do tipo "a vida continua", acho que pela forma passiva que Stoner encarava a vida, parecia que nada o atingia realmente.

Outro detalhe interessante é que a história passa pelas duas Grandes Guerras, e por mais que isso seja só pano de fundo, o pouco que se fala, a forma que o personagem encara a guerra, é bem interessante. 

Até aqui eu pensei: um livro bom, mas só bom, nada excepcional, mas aí chegaram as paginas finais, e me arrisco a dizer que foi um dos melhores e mais bem escritos finais que já li.

Livro pra ser devorado mais de uma vez.

Postado por: André

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

O Pintassilgo | Donna Tartt - Ele









Foto: por @tipocoelhos
O pintassilgo

Autor: Donna Tartt

Editora: Companhia das letras
Edição: 2014/721p.


O primeiro livro do ano ja foi um calhamaço de 700 e tralala folhas.
Mas o que ja adianto é que, apesar de grande, ele tem uma escrita tranquila, então pra quem arriscar le-lo, não é uma leitura arrastada de maneira alguma.

Além disso, o fato de ja na capa aparecer a informação que ele ganhou o Pulitzer me deixou com um pé atras, fiquei com medo de ser aquela leitura densa, ou mesmo cheia de pretensão e aquela pontinha de pedância, mas não, pelo menos não no começo...

O livro fala sobre Theo Decker, que com 13 anos, estava em um museu com sua mãe que sofre um atentado terrorista e, infelizmente, sua mãe morre.

O que acompanharemos é todo o caos que se segue na vida de Theo após a morte de sua mãe, e de brinde, seu vínculo com uma obra de arte chamada O Pintassilgo.

Uma das vantagens que vejo nesses calhamaços é que a autora tem muito mais tempo para criar personagens profundos e verossímeis. Entendemos melhor certas situações e atitudes de Theo adulto, por sabermos de sua infancia, dito isso, não gosto do Theo adulto, mas adoro ele adolescente, portanto entendo e ainda assim torço por ele mesmo quando ele é um adulto meio babaca.

A trama e o certo suspense que é criado com a relação de Theo e a obra de arte é muito boa, há sempre uma tensão em volta dessa relação obsessiva que ele tem com o quadro, e em paralelo vemos um adolescente crescendo, com os maiores problemas do mundo, sem a mãe, com um pai que até então era ausente, em outra cidade... muito acontece.

E me peguei lendo esse livro um pouco diferente do que leio outros livros, eu não estava super ansioso pra saber o que ia acontecer, eu apenas curtia cada pagina, cada situação.

Exceto no final, no final eu tava meio "Ai meu Deus, que que vai acontecer?"

Fica dificil escrever sem spoilers, mas não quero falar detalhes da relação com o quadro, e também não quero dar detalhes de pra onde ele vai depois da morte de sua mãe, o que posso dizer é que ele conhece Boris, e o que posso dizer também, é que você adoraria conhecer o Boris, então leia o livro.

Porém, como disse no inicio do texto, no finzinho senti aquela pontinha de pedância, o desfecho da trama achei bem bacana, já o fim do livro não, vai ver não tenho tanto conhecimento de arte, ou não tenho a mente tão filosófica assim.

Pareceu aquele papo chato daquele cara no museu que quer ver sentido em tudo, e que o sentido que você vê na arte esta errado, pq ele estudou naquela faculdade renomadíssima, e ele sabe do que tá falando. 

Mas eu não sei nada sobre arte e fiquei com preguicinha dele no final, mas só no finzinho.

Ainda assim achei o saldo extremamente positivo.

Conheci o Theo, conheci o Boris, e como ja disse, vocês tem que conhecer o Boris!

Postado por: André