quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Vi e Ouví por aí... : O triunfo da cor | Ela

O André e eu temos uma preguiça danada de fazer qualquer coisa fora de casa. Chega a dar dó a quantidade de coisas interessantes que já perdemos por isso, mas... mês passado eu encasquetei que queria ver esta exposição e depois de uma quase desistência, no último dia, último horário, lá fomos nós.

“O triunfo da cor. O pós-impressionismo: obras-primas do Musée d’Orsay e do Musée de l’Orangerie”

Falando assim esses nomes franceses até parece que a gente entende alguma coisa de arte, Pff. Nada, nadinha. Necas. O mais próximo de tentativa de compreensão de arte que eu consegui chegar, depois das aulas de educação artísticas da quinta série,  foi com uns livrinhos que comprei na máquina do metrô por 2 reais cada e contava a história de alguns artistas, mas acabei que só li o do Van Gogh (vergonha, eu sei). Mas daí eu acabei me apaixonando pelas cores dele, mais ainda depois de ver um episódio graciosíssimo de Doctor Who com “participação especial” dele e aí deu aquela sensação de empatia depois de ler a história e perceber aquela melancolia e sensação de incompreensão que parece seguir a vida de artistas e, pronto, me afeiçoei.

Como muitas das coisas escritas nesse blog, a visita pra essa exposição será narrada de um ponto de vista totalmente leigo e ignorante em relação a seus conteúdos. Estou aqui só pra compartilhar um momento bem bacana que passamos. Se você gostar das obras, recomendo uma pesquisa mais aprofundada e claro, a visitação à exposição que ainda ta rolando no Rio de Janeiro, até 17/10/2016.

A exposição conta com 75 obra de 32 artista que “a partir do fim do século XIX, buscaram novos caminhos para a pintura” Mas vou falar só um pouquinho sobre alguns.

A começar pelo CCBB né minha gente, que lugarzinho simpático! A gente que mora em São Paulo sabe que o centro não é um dos melhores, mais limpo e seguro lugar para se estar, e tudo  isso misturado cria uma preocupação automática a qualquer coisa ali (Sem cricri, eu amo essa cidade) mas aquele prédio antigo despertou em mim aquela sensação que prédios antigos costumam despertar, que é o pensamento de ‘quanta coisa já deve ter passado aqui’. A arquitetura do prédio é muito bonita e então vc já fica no clima.
               
Chegando lá, de cara, tinha um painelzão com uma imagem do museu francês, mega simpático com várias luzes coloridas mudando o tempo topo. Já me ganhou. Eu sou 99% gótica suave, mas aquele 1%...não  pode ver uma coisa colorida que já ta toda alegre.

Eu tentei (infantilmente) tirar foto de todas as alterações de cor. É claro que não deu certo, e ainda por cima ficou torto, mas vou colocar aqui pra vcs verem que gracinha:
Prazer, fachada do “Musée d’Orsay e do Musée de l’Orangerie”






A exposição estava separada em módulos, sendo que o primeiro módulo começava no 4º andar e ia descendo. Daí vc pega um elevador (bem sinistro por sinal) e chegando lá você tem a vista fofa do painel e o chão “cororido”, um “círculo cromático das cores francesas”, ou como ta escrito no chão “1er. Cercle chromatique de Mr. Chevreul renpermant Les couleurs francês”.

Com uma rápida pesquisa no google acabei de descobrir que o Mr Chevreul fez um estudo sobre justaposição de cores, que aplicadas em pontos e em certas combinações, visto de longe nos faz ver uma determinada imagem. “A lei do contraste simultâneo das cores“. Assim que vi algumas obras a primeira coisa que pensei foi em pixels e vendo vocês vão entender o porquê.
Mr Chrevreul foi uma grande influência para o Georges Seurat “Expoente do pontilhismo”, que tinha obra lá exposta. E Mr. Seurat inspirou ngm menos que o Van Gogh e por aí vai.


Bem, só tirei uma foto do círculo, pq alturas me dão sensações estranhas, mas ta aí:



Tinha uma pequena fila para entrar nesse primeiro salão, aproveitei e tirei essa foto do lindo, que vou colocar aqui porque sim.



Também tirei uma foto do vitral porque não tinha  mais o que fazer e achei bonitinho.



Daí as emoções começaram.

O módulo 1 ou “A cor científica”.

Eu disse que fui pra ver Van Gogh e eis que o primeiríssimo quadro que vimos quando entramos foi este:


Foto: Livia.
Fritilárias coroa-imperial em vaso de cobre, 1887 Óleo sobre tela, 73,3 x 60 cm Paris, Musée d'Orsay

A foto ficou bem ruim pq estava mto lotado e não conseguia tirar de novo, mas pode ser achada no google como Fritilárias Van Gogh.

É engraçado como mesmo sem conhecer a arte você bate o olho e sabe de quem é a obra pelo estilo. Eu tentei ver o mais perto que a “linha amarela que não pode ser ultrapassada” permitia, e consegui ver a textura da tinta na tela. Fiquei embasbacada. A combinação das cores e da pincelada é uma coisa linda de ser ver, enche os olhos.
Eu particularmente gosto de flores e embora meio mortinhas, achei o quadro lindo.

Tentei não tirar muitas fotos, porque se você tira fotos, não curte, mas ao mesmo tempo, se não tira fotos não se lembra de algumas coisas depois, que é o que me acontece agora.
Vou colocar as fotos que tirei, do que mais me chamou a atenção no momento.



Foto: Livia
Van Gogh
A Italiana, 1887, Óleo sobre tela, 81 x 60 cm Paris, Musée d'Orsay

Do lado dos quadros tinham descrições sobre as obras e fiquei sabendo que o Sr. Van Gogh teve um caso com essa sra, sua amiga Agostina Segatori. Assim que bati o olho mais pensei em “cigana” do que italiana, e gostei muito da combinação de cores da pintura
No google pode ser achado como: A Italiana Van Gogh



Foto: Livia
Van Gogh
Acampamento dos ciganos com caravana, 1888, Óleo sobre tela, 45 x 51 cm Paris, Musée d'Orsay

Essa foto ficou muito pequena, mas vejam AQUI a imagem em tamanho maior e observe as pinceladas...

Sério, fiquei encantada e eu adoro tema cigano em geral, então, essa ganhou direito a foto rs

Entre obras e pessoas passando pra lá e pra cá, me deparei com esta, que não conhecia e me encantou:



Foto: Livia
Henri de Toulouse – Lautrec
A toilette, 1896, Óleo sobre cartão, 67 x 54 cm

Como foi feito sobre cartão, não da pra ‘sentir’ as pinceladas, como quando é sobre tela, mas os traços dele são fascinantes e fiquei um bom tempo olhando pra ela.
Os tons da cores são muito bonitos além do desenho em geral, a costa nua e tudo mais.


Módulo 2 ou “No núcleo misterioso do pensamento. Gauguin e a Escola de Pont-Aven”

Foi nessa hora que meus olhos saltaram desesperadamente.
Nesse segundo módulo tinham obras do Seurat, falado logo acima, de Henri-Edmond Cross, (que teve a obra que mais amei), Paul Signac, Maximilien Luce.
Não conhecia nenhum deles, e o que tinham em comum e que fez meus olhos saltarem foi o jeito incrível que usaram a técnica de justaposição/pontilhismo.



Foto: Livia
Henri-Edmond Cross
Uma tarde em Pardigon, 1907, Óleo sobre tela, 81 x 65cm

Essa foi uma que eu tive vontade de levar para casa. Ela é linda e fiquei impressionada com a justaposição das cores. Tons de roxo sempre me atraem e esse quadro me deu uma tranquilidade danada.
Tinham algumas outras obras do Henri-Edmond na exposição, de igual beleza e depois de procurar mais coisas no google, virei fã do trabalho dele.




Foto: Livia
Paul Signac
Mulheres no poço ou Jovens provençais no poço, 1892 Óleo sobre tela, 194,5 x 130 cm Paris, Musée d'Orsay

Eu fiquei  impressionadíssima quando vi essa obra. A foto ficou bem ruim porque estava cheio na hora e não tinha um bom jeito de tirar, mas fiz questão de tirar + duas fotos dando close em duas coisas que me chamaram a atenção: o cabelo da moça a direita, que olhando de longe parece castanho com preto, mas quando você olha bem, é a combinação de vários tons de azul, roxo e marrom.





Agora vejam a riqueza desta saia! Ela parece que tem vida, com a combinação de tons de verde, azul, rosa e vermelho.



Esse quadro é bem grande e fico imaginando quanto tempo ele levou para fazê-lo. Paul Signac aprendeu com o Seurat a ténica do pontilhismo e particularmente achei que mandou super bem ( shame on me, não tirei nenhuma foto de obra do Seurat, que aparentemente é o bam-bam-bam da coisa toda)


Uma obra que eu não tirei nenhuma foto, mas uns bons minutos encarando estupefata foi a de Maximilien Luce, e que vou pegar uma foto do google:




Maximilien Luce (1858-1941) Les Batteurs de pieux [Batedores de estacas], entre 1902 e 1903 Óleo sobre tela, 154 x 196 cm Paris, Musée d'Orsay


Gente, esse quadro é ENORME e de longe você acha que é bem pintado, legal, ok, mas foi TUDO feito em pontilhismo! Isso é que eu chamo de trabalho de uma vida! Da pra ficar horas olhando pra combinação de cores e pontos sem se cansar.

Também teve essa que achei bem interessante (Gótica suave, beijo):

Blast Furnaces in Charleroi - Maximilien Luce 1896 French 1858 – 1941


Infelizmente nós ficamos muito envolvidos nos 2 primeiros módulos e vimos os outros 2 muito rápido porque o CCBB já tava pra fechar, mas não por nada, foi até bom, porque os outros módulos já fugiram do meu gosto.

O Módulo 3 era “Os Nabis, profetas de uma nova arte” com temais mais cotidianos. Eu achei muito obscuro, tenso. E o módulo 4 “A cor em liberdade” Tinha um quê de natureza tropical, legal, bacana, tchau.

A verdade é que as fotos nem qualquer coisa que eu falar aqui fazem jus às obras vistas. Tem que ver com os próprios olhinhos e sentir.
Se você já foi na exposição e/ou é mega fã de arte, conta pra gente o que sentiu quando viu a exposição e o que acha de arte e tudo mais. Me conta também qual sua obra favorita!

Só posso dizer que saí de lá encantadíssima, com vontade de comprar umas tintas e pincéis e tentar me aventurar na arte do pontilhismo, cheio dessas cores que me dá tantas emoções.

E como disse o já muito falado no texto de hoje, Van Gogh “A cor expressa por si só alguma coisa’. E que coisa <3

PS: E é claro que a gente foi tirar uma fotinho lá no painel do museu colorido né, hahaha




Postado por: Livia Amaral