domingo, 11 de setembro de 2016

Admirável mundo novo | Aldous Huxley - Ela



Foto: por @tipocoelhos
Admirável mundo Novo

Autor: Aldous Huxley
Editora: Biblioteca Azul da Editora Globo
Edição: 2014/306p.



"Oh admirável mundo novo que encerra criaturas tais!"

É sempre difícil fazer resenha de livros clássicos.
Você sempre está sujeito a ser chamado de chato ou de burro, porque se não gostou é porque não entendeu.
Não estou dizendo que não gostei, de forma alguma, só achei um pouco cansativo em determinadas partes.

Admirável mundo novo é uma das grandes distopias que todo leitor deve ler, ao lado, acredito que, de 1984. Eu acho a dinâmica de 1984 melhor, mas não vem ao caso...

O livro conta a história de uma "sociedade perfeita".
Nessa sociedade não existem diferenças, não existe miséria, não existem guerras. Todos são felizes,tem um lar, um emprego, uma função na sociedade. Sua obrigação é ser feliz.

Juro que quando comecei a ler esse livro eu pensei 'ué, pq é que acham isso ruim?' sério, é tão perfeitamente feito...
mas daí 'Ah, é mesmo...a liberdade, a individualidade.'

Tudo começa no nascimento. As pessoas não nascem mais no método tradicional. Todos são gerados em laboratório, numa linha de produção, igual a carros. Com essa produção laboratorial eles fazem o maior número possível de gêmeos, chegando a mais de 80 pessoas idênticas e com isso, você ja elimina um grande obstáculo de uma sociedade perfeita, que é a desigualdade, começando pela aparência.

Depois disso vem a separação em castas. Ja na sua produção vc é escolhido para ser encaixado em uma das cinco castas existentes: Alfa, Beta, Gama, Delta e Épsilon.
Sendo Alfa a maior casta, com os melhores e mais inteligentes trabalhos e os Épsilon a casta mais inferior, com os trabalhos mais braçais e de 'menor qualidade', mas não pense que isso é um problema, pelo contrário. Desde recém-nascidos os seres humanos são condicionados a inúmeras coisas, uma delas é a aceitar sua casta e a casta dos outros , sabendo da importância de cada um. Um épsilon não inveja um Alfa e um Alfa não menospreza um Épsilon.




Abaixo dois trechos que resumem bem  o espírito da sociedade:

"O mundo agora é estável. As pessoas são felizes, têm o que desejam, e nunca desejam o que não podem ter"

"E esse (...) é o segredo da felicidade e da virtude: amarmos o que somos obrigados a fazer. Tal é a finalidade de todo condicionamento. Fazerem as pessoas amarem o destino social de que não podem escapar."

A introdução do livro é basicamente isso de como a sociedade foi construída e funciona e eu acho muito legal, embora seja a parte que o pessoal reclama de ser mais lento, foi a que não vi muitos problemas.

Outro ponto importante da sociedade é como é importante ser feliz e não ser individual.
Relações duradouras e monogâmicas são proibidas. A promiscuidade é a lei, você deve ficar com o máximo de pessoas possíveis, sem se apegar a ninguém. Não existe família, mãe, pai, amigos e obviamente, parceiros duradouros. Relacionamentos monogâmicos, grandes paixões, só trazem problemas: ansiedades, ciúmes, discórdia...
Outro trecho que mostra bem isso:

"... [antigamente] eram forçados a sentir as coisas intensamente. E, sentindo-as intensamente (intensamente e, além disso, em solidão, no isolamento irremediavelmente individual), como poderiam ter estabilidade?"

Veja bem o quanto eles prezam a estabilidade... essa é uma sociedade avessa a instabilidade, ao caos, a desordem. Qualquer coisa que possa fugir do controle, desde paixões a raivas, é inibido, e, além da sociedade ja ser estruturada pra evitar esse tipo de coisa, existe uma droguinha interessante: a SOMA.
Se você se sentir incomodado, agitado, um pouco ansioso ou monogâmico, basta tomar uma boa dose de soma - distribuído gratuitamente pelo governo - para que tudo fique bem.
As relaçõe sexuais são banalizadas e incentivadas, inclusive desde pequenos, não sendo uma coisa erótica, mas forçada. O consumismo também é incentivado - não conserte nada, compre outro. As pessoas não adoecem e não envelhecem e qualquer coisa velha é considerada feia e abominável.
E mais uma vez, se alguma dessas coisas te incomoda...tome uma dosesinha de SOMA.

Sinistro né? Mas se você observar bem essa sociedade do livro, a gente não ta muito longe disso, embora que de forma mais velada.

A história do livro começa com Bernard. Bernard é um Alpha mas com um pequeno problema: ele tem a estrutura física de um Épsilon, o que o faz ser de certa forma visivelmente deslocado.
Além disso, Bernard foge um pouco dos padrões da sociedade: ele sente de forma diferente, ele não gosta de estar muito entre pessoas, não curte muito as relações promíscuas. As más línguas dizem que quando Bernard foi produzido alguma coisa saiu errada...
Bernard tira féria do trabalho e resolve ir para a uma reserva selvagem, o Malpaís, onde a vida é vivida de forma primitiva: as pessoas tem religiões, relacionamentos, envelhecem...
Por circunstâncias que você vai descobrir quando ler, quando volta, Bernard traz John - o selvagem, para viver na sociedade. É quando Bernard finalmente consegue se sentir parte da sociedade enquanto John vai tomando conhecimento do absurdo que é essa vida.

Particularmente eu atribuo ao John parte do tédio que eu senti ao ler esse livro. Ele lia muito Shakespeare e tem esse tom dramático na forma que vê o mundo e na forma que fala, daí fiquei com bastante preguiça. Mas é bem interessante ver o choque dessas duas culturas totalmente diferentes no livro.

Ja falei bastante né?
Mas vamos lá, o livro em si, a estrutura da sociedade é fantástico de ser ver, ainda mais quando vc vai pensando 'caramba, a gente ja vive isso!!'
Só os personagens que achei bem entediantes e não me deu muita emoção mas... vai ver a gente não deve mesmo sentir muitas emoções né?

Recomendo super a leitura, mas se prepare pra um ritmo mais devagar que as distopias modernosas.
Como eu disse, eu ainda prefiro 1984 e Farenheit, mas é um livro muito importante de se ler e que bom que eu li!

Ah, tem resenha dele também no blog dos nossos parceiros, o OBNB e você pode ver aqui :)


Nota 4 de 5.


Postado por: Livia Amaral

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Inferno | Dan Brown - Ela




Foto: por @tipocoelhosInferno
Autor: Dan Brown
Editora: Arqueiro
Edição: 2013/448p.


Depois de um  tempinho ausente do blog, a resenha não é das mais felizes.

Inferno é o quarto livro do professor Robert Langdon, e eu estava super ansiosa para lê-lo.
Primeiro por que eu a-do-ro aventuras e ‘caça ao tesouro’,  segundo porque eu já tinha lido os outros livros e adorado.
Agora o Inferno...além de eu não ter gostado,  me deixou com a pulga atrás da orelha: será que os outros livros eram bom mesmo?

Antes de tudo, uma sinopse da história:

Robert Landgon, um professor de simbologia, é atraído para uma trama envolvendo a obra “A divina comédia” de Dante Alighieri, mais precisamente a parte que fala sobre o inferno.
Se você já leu algum dos outros livros ou viu os filmes já está familiarizado com os métodos, se não, basicamente é uma caça ao tesouro: com base em determinada obra ele tem que descobrir a chave para salvar a humanidade. Velha história, Ok, já conhecemos.
Veja aqui a Sinopse do Skoob que é mais fofa que a minha:

https://www.skoob.com.br/inferno-298210ed334199.html

Agora vamos a parte boa...
Eu sempre falo que não existe livro ruim, existe uma expectativa diferente ou o momento errado em que você leu algo.
Bem, achei o livro fraco. Bem fraco, e cheguei a ficar com raiva do Dan Brown por me fazer de idiota.
Talvez o problema seja que o bom é inimigo do ótimo e daí quando você vê autores excelentes em desenvolver histórias, quando pega um fraco...não me entenda mal, eu adorava o Dan, inclusive cheguei a defender ele quando alguns colegas falavam mal, mas depois desse livro...

O livro tem uma ótima descrição dos locais. Na verdade, acho que esse foi um dos pontos que fez o Dan Brown ter sucesso: os cenários dos livros não são nada mais nada menos que incríveis lugares  turísticos, cheio de misticismo e história. Cara, quem é que não adora isso? Uma velha fonte ou uma construção com uma história fantástica? A história mais uma vez se passa na Itália e o ideal é que você tenha um celular na mão para ir pesquisando e vendo os locais que ele descreve. Nos primeiros livros achei mara. Nessa eu achei que começou a ficar um pouco cansativo e perceber que, né, parece que o propósito dele é “vamos falar sobre esse museus que vai me dar dinheiro”, mas é um ponto perdoável, porque um livro realmente é feito pra te levar pra outros lugares, este então foi o menor dos problemas.

Aí começam a aparecer as coisas... fiz até em listinha:

1.O endeusamento de Robert. Já é meio estranho ele ser o único ser humano, no meio de 7 bilhões, que pode resolver o tal do problema que surge, mas até então...tudo bem, foi ele que deu naquela hora e naquele lugar. Agora, não são raros trechos no livro em que se fala ‘Aumentando cada vez mais a admiração dela pelo professor’ ou ‘Não imaginava que você (fosse tão inteligente) para saber disso’ e como todo mundo o tempo todo abre as portas para ele fazer o que ele quer, fácil assim. É brincadeira?! A impressão que dá é que Dan Brown projetou a si mesmo no personagem e está ali dizendo para ele todo o bajulamento o que gostaria de ouvir. (reviradinha de olhos)

2.Subestimando a capacidade intelectual dos leitores. Não menos que 3 vezes percebi o escritor explicando para gente sobre os termos. Ok, o personagem é um professor e a tendência é ensinar e explicar, o que acho válido quando se trata de assuntos simbolistas ou mitológicos, como o momento que ele fala sobre o Bastão de Asclépio que eu não sabia do que se tratava e achei interessante, mas principalmente porque se encaixava no roteiro e na caça ao tesouro, mas outras coisas são de conhecimento popular e uma que me incomodou foi ele explicando o que era eugenia, mas não como se aquilo se encaixassem na trama, mas como ‘O que ela quer fazer é te passar a tesoura – aquela ferramenta utilizada para cortar papel'. 
Se não se encaixa na trama, não precisa ficar explicando todo termo que acha difícil migo, se for tão difícil assim a gente tem google! Outra coisa que ele mudou e me incomodou, mas só relevei pela ‘licença poética’ foi ele alterar a frase dita por uma pessoa real para que se encaixasse no livro.
Oppenheimer disse uma vez ‘Agora tornei-me a morte, o destruidor de mundo’ em referência a Vishnu, que diz isso em uma passagem de uma escritura Hindu. E lá foi Dan Brown escrever que Oppenheimer disse ‘Agora tornei-me Vishnu, o destruidor de mundo’ NÃO, GENTE, NÃO!  Como eu disse, eu perdoei pela licença poética,  mas você já vê alguma coisa errada no padrão de escrita do Dan. Foi  um dos momentos de enganação.

3.Enganando o leitor. O mais fatal e que acabou com a graça do livro pra mim, me fazendo desanimar totalmente, quase largando o livro pela metade foi a tentativa de enganar do escritor.
Escrever não é pra qualquer um. Escrever um suspense ou um mistério, menos ainda, porque você conseguir que a pessoa não saiba o final da história, mesmo tendo exposto grande parte do material pra ela é olha...difícil. Mas tem gente que consegue, e muito bem feito. Dan Brown não é uma delas. Como eu disse, não sei se os outros livros eram assim e eu nunca tinha reparado ou se ele se perdeu nesse, mas veja bem  a enganação, e vou tentar dar exemplo com outras informações pra não dar spoiler do livro:
Por diversas vezes ele escrevia certos parágrafos levando você acreditar que era um personagem que estava vivendo aquilo, pra depois no fim do livro vc perceber que não era joana, e sim Joaquim que estava falando aquilo. Eu já acho que ele fez isso de forma mal feita, mas era capaz de vc deixar passar se não fosse pelo fim do mundo:
Ele pegou um texto e escreveu : (TEXTO EXEMPLAR, NÃO ESTÁ ASSIM NO LIVRO)
“Lá estava eu, ao lado dele na mesa, um vento frio batendo em nós enquanto líamos ao livro”
Isso pode querer dizer tanto a homem quanto mulher e aí é que está a trama, vc vai deduzir com base no que ja leu e ok.
Mas depois ele repete exatamente a MESMA FRASE, mas inserindo gênero.
“Lá estava eu, sentada ao lado dele na mesa, um vento frio batendo em nós enquanto líamos ao livro, me deixando arrepiada”

Gente, sério...achei isso uma trairagem. Se ele tivesse feito uma boa trama, ele não ia precisar repetir o mesmo trecho inserindo gênero, pois quando você lesse o original, estando bem escrito, ia saber que você que se enganou ao ler, e não ele que te enganou ao ocultar informações do texto. Mas não, eu fiz questão de voltar umas páginas e ler o trecho e ele está alterado mesmo. Um bom autor não ia precisar disso...

E foi aí que tudo acabou. Faltavam mais 100 páginas pra acabar que eu li muito contrafeita.
Talvez eu esteja sendo chata, talvez eu tenha lido na fase errada. Tenho alguns amigos que gostaram muito desse livro e acham que esses meus pontos são bobeiras, mas esse livro conseguiu acabar com meu ânimo.

Espero que o filme que será lançado seja mais divertido e melhor feito, vamos ver se me animo pra assistir, mas me desanimei para ler qualquer outra obra do escritor e é um livro que não recomendaria para ninguém ler, tamanho desapontamento.

Minha nota é 1 de 5, extremamente decepcionada.
Na verdade, vou dar 1,5, porque o final realmente me surpreendeu, mas não o bastante pra eu gostar do livro.


Postado por: Livia Amaral